segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Do futebol-arte ao futebol-negócio

Dizem que em toda novela que se preze há um vilão, um mocinho e casos de amor e ódio ao longo da trama. Assim que o comunicado de desligamento de Ronaldinho Gaúcho do Milan foi anunciado, teve início um rolo sem fim. O jogador, seu irmão Assis e o clube italiano protagonizaram uma das maiores barganhas do futebol. Começou, então, uma corrida de clubes brasileiros para repatriar o gaúcho.

A notícia já rodou o mundo inteiro e dispensa maiores explicações. A disputa entre Grêmio, Palmeiras e Flamengo gerou uma confusão. Era presidente do clube X dizendo que Assis tinha fechado negócio e Assis rebatendo que não havia dito nada, e de repente, a responsabilidade de vender Ronaldinho foi para o Milan. Até o Corinthians entrou na história como possível comprador. E os salários oferecidos? Altíssimos! Mais de um milhão por mês, fora patrocinadores e todo o marketing que envolve o futebol. Cada dia um lance diferente, uma proposta salarial mais ousada e o mocinho Ronaldinho mais parecia uma bola de futebol nos pés do vilão Assis que, numa relação conturbada com dirigentes e torcedores, se fazia de desentendido.

Ronaldinho foi para o Flamengo, com direito a mega recepção. A nova sensação do clube carioca ganhará mais de um milhão por mês durante três anos. Existem grandes jogadores brasileiros, que estão em ótima forma e não ganham nem metade disso! Essa discussão nos leva a seguinte pergunta: o Gaúcho é um grande investimento ou apenas um grande nome?

É certo que Ronaldinho teve uma carreira brilhante. Foi duas vezes o melhor do mundo e jogou em grandes times como Barcelona e Milan, transações que envolveram muito dinheiro. O fato é que o jogador está chegando ao final de sua carreira e voltar ao físico e a forma de anos atrás é algo difícil. Mas ninguém parece se importar quando o atleta tem um nome de peso, e a sensação que dá é que todos ainda acham que ele vai brilhar como em seus tempos áureos de Barcelona. Não duvido, o problema é a possibilidade de isso acontecer. Mas pagando bem, que mal tem?

Quando se trata de finanças, os jogadores estão esquecendo do amor a camisa e estão se apegando somente ao dinheiro. Os espetáculos que víamos antigamente, o futebol-arte, não existe mais. Este deu lugar ao futebol-negócio. Na terra das quatro linhas, que oferece mais vira rei e o leilão parece não ter fim. Clubes se endividam, atrasam salários, mas querem porque querem ter o “grande nome”.

Final da novela: presidente e torcida do Grêmio magoados, diretoria do Palmeiras enfurecida e festa rubro-negra. O futuro do Flamengo parece incerto. Ronaldinho renderá? As contas e os salários estarão em dia? O campeonato carioca está de volta e ao longo do ano teremos todas essas respostas.

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