segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mundial Sub-20: um desabafo

O bom de assistir uma partida de futebol com um pai que já foi árbitro e até apitou jogos com o Pelé é que você sempre aprende alguma coisa em cada jogo. E lá fui eu me juntar a ele para assistir Brasil x Argentina pelo pré-olímpico/Mundial Sub-20. Clássico com os hermanos é tenso até em partida de futebol de botão, é teste para cardíaco nenhum botar defeito. Tudo é complicado e inesperado quando brasileiros e argentinos disputam alguma coisa e se tratando de futebol então, a rivalidade triplica.

O encontro entre essas seleções já era esperado. Aliás, a primeira coisa que jornalistas esportivos fazem em uma competição é analisar as chaves pra saber em que ponto o confronto vai acontecer. E aí começa o falatório: não param de sonhar com esse possível jogo até que ele, de fato, aconteça. Mas é neste ponto que a situação complica. Não sei você, caro leitor, mas eu não vejo isso tudo que narram e comentam por aí.

Será que o Brasil não aprendeu a jogar com a Argentina até hoje? Qualquer pessoa, que tenha uma noção dessa rivalidade no futebol, sabe que nossos arqui-rivais vão catimbar o jogo, fazer cera, perturbar jogadores pendurados com cartão amarelo e fazer de tudo para que haja uma expulsão. Para enfrentar os hermanos é preciso cabeça e saber administrar a partida. Mas os ‘meninos do Brasil’ pareciam não saber disso. O jogo começou tenso, como tinha que ser, e logo aos seis minutos o zagueiro Juan é expulso. Se em igualdade já é difícil, com um a menos a situação piora.

Mas os nossos narradores não enxergam isso. E digo mais, o jogo que eles veem não é o mesmo que eu vejo. É cada comentário que eu escuto que dá vontade de colocar a televisão no mudo e acompanhar só a imagem. É o ‘craque’ Neymar pra cá, o ‘brilhante’ Neymar pra lá. Não discordo do bom futebol dele, mas quem é craque faz a diferença em uma partida como essa. E se sobressair não significa fazer todos os gols e resolver tudo sozinho; é também pensar e ter visão de jogo, é tocar a bola e dar oportunidade aos outros companheiros. Eu perdi a conta de quantas vezes ouvi as frases “Neymar foi tentar o drible e foi desarmado” e “Neymar está caído e pediu a falta”. A todo o momento a tentativa era partir para cima de dois jogadores e quando não surtia efeito a saída era cair no chão e pedir a falta. E sabe por que não deu certo? Porque ele caiu do primeiro ao último minuto. Para não dizer que são só críticas, fica aqui o elogio à assistência que resultou no gol de Willian. Prova de que com um jogo coletivo, o Brasil só tem a ganhar.

O problema foi que Neymar tentou apitar o jogo, e nessa brincadeira levou o segundo cartão amarelo e está fora do próximo jogo contra o Equador. Mas não satisfeitos em apenas elogiá-lo, os comentaristas o compararam com Garrincha. Isso mesmo, com o nosso gênio das pernas tortas. E é aí que é possível notar o grau do fanatismo. Quando o argentino Iturbe, autor de um dos dois gols, foi comparado ao compatriota Messi, nossos queridos narradores disseram que é preciso esperar mais um tempo e que a comparação é precoce. Mas comparar Neymar à Pelé e Garrincha, pode? Pode NUNCA! São tantas coisas que esse jovem ainda precisa vivenciar dentro do futebol, que não faz sentido compará-lo e colocá-lo lado a lado com ícones do nosso futebol. Final de jogo, Argentina 2 x 1 e o Brasil perde a liderança do hexagonal final.

Eu continuo sem entender a falta de pé no chão de narradores e comentaristas em relação aos nossos jogadores. Existe toda uma seleção, com meninos que lutaram para conquistar uma chance de vestir a amarelinha. Tudo bem que um sempre se destaca, mas futebol é um jogo coletivo e não podemos deixar a estrela de um ofuscar o brilho dos demais. Como eu disse, continuo sem entender, mas não me surpreendo, afinal, o que dizer de imprensa e comunidade esportiva que insistem em leiloar e ainda intitular de ‘cracasso’ um certo gaúcho que, há algum tempo, nem no banco de reservas de um certo clube italiano estava mais.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Do futebol-arte ao futebol-negócio

Dizem que em toda novela que se preze há um vilão, um mocinho e casos de amor e ódio ao longo da trama. Assim que o comunicado de desligamento de Ronaldinho Gaúcho do Milan foi anunciado, teve início um rolo sem fim. O jogador, seu irmão Assis e o clube italiano protagonizaram uma das maiores barganhas do futebol. Começou, então, uma corrida de clubes brasileiros para repatriar o gaúcho.

A notícia já rodou o mundo inteiro e dispensa maiores explicações. A disputa entre Grêmio, Palmeiras e Flamengo gerou uma confusão. Era presidente do clube X dizendo que Assis tinha fechado negócio e Assis rebatendo que não havia dito nada, e de repente, a responsabilidade de vender Ronaldinho foi para o Milan. Até o Corinthians entrou na história como possível comprador. E os salários oferecidos? Altíssimos! Mais de um milhão por mês, fora patrocinadores e todo o marketing que envolve o futebol. Cada dia um lance diferente, uma proposta salarial mais ousada e o mocinho Ronaldinho mais parecia uma bola de futebol nos pés do vilão Assis que, numa relação conturbada com dirigentes e torcedores, se fazia de desentendido.

Ronaldinho foi para o Flamengo, com direito a mega recepção. A nova sensação do clube carioca ganhará mais de um milhão por mês durante três anos. Existem grandes jogadores brasileiros, que estão em ótima forma e não ganham nem metade disso! Essa discussão nos leva a seguinte pergunta: o Gaúcho é um grande investimento ou apenas um grande nome?

É certo que Ronaldinho teve uma carreira brilhante. Foi duas vezes o melhor do mundo e jogou em grandes times como Barcelona e Milan, transações que envolveram muito dinheiro. O fato é que o jogador está chegando ao final de sua carreira e voltar ao físico e a forma de anos atrás é algo difícil. Mas ninguém parece se importar quando o atleta tem um nome de peso, e a sensação que dá é que todos ainda acham que ele vai brilhar como em seus tempos áureos de Barcelona. Não duvido, o problema é a possibilidade de isso acontecer. Mas pagando bem, que mal tem?

Quando se trata de finanças, os jogadores estão esquecendo do amor a camisa e estão se apegando somente ao dinheiro. Os espetáculos que víamos antigamente, o futebol-arte, não existe mais. Este deu lugar ao futebol-negócio. Na terra das quatro linhas, que oferece mais vira rei e o leilão parece não ter fim. Clubes se endividam, atrasam salários, mas querem porque querem ter o “grande nome”.

Final da novela: presidente e torcida do Grêmio magoados, diretoria do Palmeiras enfurecida e festa rubro-negra. O futuro do Flamengo parece incerto. Ronaldinho renderá? As contas e os salários estarão em dia? O campeonato carioca está de volta e ao longo do ano teremos todas essas respostas.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Recomeçando...

Voltei (de novo)! É difícil manter um blog de esportes durante o calendário universitário, já que são muitas as atividades num curso de Jornalismo. São provas, trabalhos, entrevistas, produção de matérias, diagramação e por aí vai. Mas já que foram muitas as minhas indas e vindas, volto novamente pro blog, já que nas férias é mais fácil atualizá-lo.

O que proponho agora é uma novo olhar. Como já disse, é dificil atualizar em época letiva, quando há, também, muitos jogos e torneios. Não deixarei de comentar jogos e partidas, mas creio que predominará comentários sobre fatos inusitados do esporte.

Um abraço e até a próxima postagem!